Novo edifício ganha o nome de Pietro Maria Bardi, responsável pela criação do Masp com Assis Chateaubriand. Ingressos para visitar o Masp custam a partir de R$ 35 e são válidos para os dois prédios.
O Museu de Arte de São Paulo (Masp) abre as portas do seu novo edifício para o público nesta sexta-feira (27) com objetivo de aumentar espaços de exposições do local.
Com a inauguração, o edifício popularmente conhecido como Masp passa a se chamar Edifício Lina Bo Bardi e o novo prédio ganha o nome de Edifício Pietro Mari. Juntos, os dois formam o Masp.
Os ingressos para visitar os dois edifícios custam a partir de R$ 35 e estão disponíveis no site do museu.
O Edifício Pietro abre com cinco exposições temporárias da mostra “Cinco Ensaios sobre o MASP”, que celebra a trajetória do museu e reúne obras do acervo. (veja mais informações abaixo)
O Pietro
O prédio leva o nome do marido de Lina Bo Bardi, arquiteta que projetou o Masp, e expande o espaço para exibição do acervo do museu. Pietro, ao lado do jornalista Assis Chateaubriand, foi responsável pela criação do museu.
Essa homenagem é evidenciada em detalhes do edifício. Por exemplo, ele possui diversos espaços de concreto e vigas aparentes, em referência à técnica do concreto armado utilizada no prédio histórico.
Com a inauguração do Edifício Pietro, o já conhecido Masp passa a ser chamado de Edifício Lina Bo Bardi, e os dois locais, juntos, formam o Masp: um museu com dois prédios.
Na vertical, o Edifício Pietro possui exatamente a mesma altura do Edifício Lina, e seu pé-direito corresponde à altura do vão livre do Lina. Em outras palavras, é como se a estrutura envidraçada do prédio histórico tivesse sido erguida na vertical, porém sem os pilares de concreto.
- O anexo tem 14 andares, cinco deles destinados à exposição.
- Um túnel está sendo construído para ligar os dois locais, e a previsão é que ele seja entregue no segundo semestre deste ano.
- O valor dos ingressos não sofrerá alteração e, com apenas uma entrada, o visitante poderá percorrer os dois edifícios.
O g1 visitou o local na segunda-feira (24), quando ocorriam os últimos ajustes no espaço para deixar o prédio pronto para receber os visitantes.
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As obras de expansão do MASP começaram em 2019. Com 7.821 m², o Edifício Pietro dobra a área do MASP, que, ao todo, incluindo o vão, fica com 21.863 m².
O projeto arquitetônico é de coautoria de Júlio Neves com o escritório METRO Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni.
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“O Pietro tem uma série de espaços que complementam o edifício histórico: sala de aula, laboratório de conservação e restauro, espaços para eventos, docas e áreas para recebimento de obras, que não tínhamos no prédio histórico. Somando tudo, ele se conecta com o Lina por um túnel subterrâneo de 40 metros de extensão, previsto para ser entregue no final do ano. Esse túnel conecta os dois edifícios e faz do Masp um museu com dois prédios”, afirma Paulo Vicelli, diretor de Experiência e Comunicação do Masp.
“Ele é um prédio que tem uma personalidade muito forte, comparado com os outros edifícios da Paulista. Ele é autêntico, mas, ao mesmo tempo, não faz sombra ao Edifício Lina. Existe um respeito entre o contemporâneo e o moderno”, completa.
O que tem pelos andares?
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Ao todo, o prédio tem 14 andares, e 10 deles serão abertos ao público. São cinco andares de exposição, do segundo ao sexto andar. Essa primeira mostra, chamada “Cinco Ensaios sobre o MASP”, celebra a trajetória do museu e reúne obras do acervo.
O espaço é enorme, e o trajeto pode ser feito por escada ou elevador. A recomendação dos orientadores de público é que essa caminhada seja feita de cima para baixo, ou seja, do décimo andar ao térreo.
- 2º andar: Isaac Julien: Lina Bo Bardi — um maravilhoso emaranhado. Obra em vídeo faz uma apresentação dos projetos de Lina, que é interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
- 3º andar: Artes da África: A mostra reúne mais de 40 obras do acervo do museu, principalmente do século 20, oriundas da África ocidental.
- 4º andar: Geometrias: A exposição apresenta mais de 50 obras do acervo MASP, incluindo cerca de 20 doações recentes. Entre os destaques, está uma escultura da artista Lygia Clark.
- 5ºandar: Renoir: Mostra reúne todas as obras do francês Pierre-Auguste Renoir pertencentes ao acervo do Masp, sendo 12 pinturas e uma escultura. O conjunto foi exposto pela última vez há 23 anos.
- 6º andar: Histórias do Masp: Último andar de exposições, reúne obras que contam a história do museu.
“A gente tem seis andares ocupados só com acervo. São diferentes aspectos, recortes muito distintos, e cada andar tem uma proposta tanto de tipografia quanto das obras propriamente ditas, além do período que está sendo abordado. São andares ocupados com obras do acervo, o que, eu acho, era uma demanda do público, porque a gente tem, no outro edifício, pinturas mais icônicas que estão nos cavaletes de vidro e que sempre sofriam pequenas mudanças. Mas aqui temos a oportunidade de fazer mais recortes”, afirma Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora do Masp.
Segundo Regina, as mostras que inauguram o edifício são temporárias e ficam até agosto deste ano. Em setembro, será inaugurada a exposição “Histórias da Ecologia”, que vai ocupar os cinco andares.
“O edifício ainda é novo. Estamos tentando entender qual é o DNA dele e como ele se comporta nas exposições. Mas aqui, a gente tem mais jogo de cintura para somar andares para exposições determinadas ou fazer exposições menores, contidas em um único andar.”
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Enquanto a reportagem estava no local, os profissionais de montagem organizavam um espaço na exposição “Geometrias” para receber um Bicho, de Lygia Clark.
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O décimo andar também tem uma obra da mostra “Geometrias”, mas é um espaço dedicado a mostrar a vista da Avenida Paulista para os visitantes, com um janelão.
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No entanto, a forma como o prédio foi projetado impede a visão perfeita da cidade. Esse janelão é tampado por uma espécie de tapume com detalhes redondos abertos. Esse mesmo detalhe cria uma ilusão de ótica: quanto mais longe você fica da janela e em movimento, mais clara fica a visualização da cidade.
Quanto mais perto e estático, mais distorcida fica.
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O primeiro e o nono andar são espaços de multiuso, que servirão para eventos corporativos e apresentações, por exemplo. O 1º também tem um espaço aberto, com um assento de concreto bem semelhante à área descoberta do vão. Desse local, é possível ter uma visão dos dois prédios.
- No 8º andar, ficam três salas da Escola MASP, projeto do museu que oferece cursos sobre história da arte. Antes do novo edifício, as aulas eram ministradas apenas na modalidade online. Agora, com o novo espaço, elas serão presenciais.
- O 7º andar será ocupado pelo Laboratório de Conservação e Restauração, permitindo que o público assista aos processos de restauração.
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Fica no Lina ou vai para Pietro
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O que conhecemos como Masp, que agora se chama Lina, vai se tornar um espaço ainda mais voltado para a arte. A ideia é que ele seja mais aproveitado para exposições e eventos culturais, como shows e apresentações de peças.
O túnel de integração entre os dois prédios será na Rua Prof. Otávio Mendes. O edifício também terá uma entrada pela Avenida Paulista.
O restaurante A Baianeira e um café saem do prédio histórico e passam a funcionar no Pietro. A bilheteria também sai do espaço do vão e vai para o novo prédio.
O vão está passando por reformas e ficará com o espaço disponível para receber exposições, como foi projetado por Lina. Até 2024, o vão pertencia à Prefeitura de São Paulo. Em novembro o museu venceu uma concessão pelo espaço e agora terá direito para utilizá-lo por 20 anos. O Masp prevê a instalação de mobiliário, wi-fi gratuito, iluminação, segurança, além de serviços de manutenção e conservação.
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“Tem uma série de atividades que vão acontecer, como shows previstos, mas estamos pensando em como fazer a logística dos eventos. O que não pode acontecer é o que ocorreu com Daniela Mercury. Já ficamos acordados com órgãos de patrimônio sobre isso”, afirma Paulo Vicelli.
Em 1992, um show da baiana no vão foi interrompido por superlotação e risco de desmoronamento do edifício. Desde então, shows de grande porte são proibidos no local. O show fazia parte de um projeto voltado para artistas iniciantes. Na época, a cantora nem imaginava que já era conhecida fora do Nordeste. Mais de 20 mil pessoas estiveram no local.
‘CPU de computador’
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Quando ficou pronto, o Edifício Pietro recebeu diversas críticas, principalmente nas redes sociais, onde foi comparado a um CPU de computador.
Paulo Vicelli disse que as críticas foram bem recebidas e espera que o tempo inocente o edifício.
“Eu gosto. As pessoas têm todo o direito de gostar e não gostar de algo. Eu fico feliz que esse tema seja debatido na arquitetura – que é um tema pouco falado no Brasil – e fico muito contente que ele esteja sendo debatido. Por outro lado, o prédio da Lina, quando foi inaugurado, também não foi uma unanimidade. Ele foi bastante difícil na época para as pessoas codificarem e entenderem. Então, talvez, com a passagem do tempo, esse novo prédio também possa ser visto com novos olhos”.
Em uma primeira olhada, ele realmente se destoa, ainda mais por formar um casal com o saudoso prédio de Lina. Porém, quando se adentra no edifício, é possível perceber que ele existe para dar continuidade ao projeto histórico.
Essa continuidade também é citada por Regina, que acredita que o edifício nasce como um presente para a população.
“É um grande presente porque é um complexo, está virando um complexo, né? É o Masp no meio da Avenida Paulista e com cada vez mais propostas e mais atividades. Esse conjunto Masp vai fomentar ainda mais a cultura e as pessoas vão se aproximando da cultura”, afirma.
Veja mais fotos
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Fonte: Deslange Paiva, Fábio Tito — São Paulo – 28/03/2025