Protestos pacíficos organizados por estudantes se tornaram um movimento de descontentamento da população e alastrou uma onda de violência no país. A Suprema Corte interferiu para evitar mais óbitos.
Após quase uma semana da onda de protestos violentos que tomou conta de Bangladesh, país sul-asiático, e deixou mais de 100 mortos, a situação ainda parece pouco definida.
A principal motivação dos protestos é o sistema de cotas do governo que estabelecia que um terço dos empregos governamentais seriam reservados para parentes de veteranos da guerra de independência do país contra o Paquistão em 1971.
Essa política havia sido abolida em 2018 pelo governo da Primeira-Ministra Sheikh Hasina, mas foi restabelecido em junho deste ano.
Isso motivou o início dos protestos, que começaram com estudantes universitários de forma pacífica, sob o argumento de que o sistema é discriminatório. Os protestantes também pediam um recrutamento baseado no mérito.
Embora Bangladesh esteja entre as economias que mais crescem no mundo, especialistas apontam que esse crescimento não refletiu no aumento de vagas de empregos para os estudantes saídos de universidades.
Esse crescimento exponencial do país observado nos últimos anos foi impulsionado pela exportação de roupas prontas para uso, mas foi muito afetado pela pandemia e diminuiu nos últimos anos, segundo análise do The New York Times. Isso também afetou a o ritmo de criação de empregos.
Atualmente, estima-se que cerca de 18 milhões de jovens bengaleses estão procurando emprego, e nem o diploma é garantia de oportunidade de trabalho.
Diante deste cenário, a manifestação dos universitários começou no dia 1º de julho com bloqueios de estradas e ferrovias. Entretanto, logo se transformou em um movimento de descontentamento nacional.
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Os protestos se intensificaram na terça-feira (16) e continuaram em uma crescente violenta até sexta-feira (19).
Ao longo da semana, o número de mortes aumentou. Apenas na sexta-feira, 50 pessoas foram mortas e o total de óbitos passou de 100.
No mesmo dia, manifestantes incendiaram uma prisão e libertaram centenas de detentos.
Em resposta aos protestos violentos, o governo determinou o desligando da internet e restringiu os serviços de telefonia, além de decretar um toque de recolher nacional.
A Suprema Corte de Bangladesh anunciou a anulação da maioria das cotas para empregos no governo, determinando que 5% das vagas — e não mais um terço delas — sejam reservadas para os familiares dos veteranos da guerra de independência.
Fonte: g1 – 21/07/2024