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Em 1º pronunciamento após queda, Assad diz que foi forçado a deixar a Síria

Ex-ditador também afirmou nesta segunda (16) que o país ‘caiu nas mãos do terrorismo’. Governo Assad, que durava 24 anos, foi derrubado no dia 8 por rebeldes do grupo HTS.

O ex-ditador Bashar al-Assad afirmou nesta segunda-feira (16) que foi forçado a deixar a Síria em meio a um “intenso” ataque de drones dos rebeldes. Esta foi a primeira manifestação após a queda de seu governo, no início do mês.

“A minha partida da Síria não foi planejada nem ocorreu nas horas finais das batalhas, como alguns afirmaram. Pelo contrário, permaneci em Damasco, cumprindo minhas obrigações até as primeiras horas de 8 de dezembro”, disse Assad.

“Conforme as forças terroristas se infiltravam em Damasco, mudei-me para Latakia em coordenação com nossos aliados russos para supervisionar as operações de combate. Ao chegar à base aérea [russa] de Hmeimim naquela manhã, ficou claro que nossas forças haviam se retirado completamente de todas as linhas de batalha e que as últimas posições haviam caído”, declarou.

O governo de Assad, que estava havia 24 anos no poder, caiu no último dia 8, quando rebeldes do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) tomaram a capital Damasco. O ditador deixou o país em um avião russo e, segundo a Rússia, instruiu transição pacífica de poder. (Leia mais abaixo)

Assad afirmou ainda que “em nenhum momento considerou renunciar ou buscar refúgio” durante a ofensiva rebelde, e “nem tal proposta foi feita por qualquer indivíduo ou parte”.

No entanto, o ex-ditador afirmou que quando chegou à base russa de Hmeimm percebeu “uma deterioração contínua da situação no campo de batalha”, em que a própria base foi alvo de “intensos” ataques de drones.

Diante desse cenário e sem meios viáveis de sair da base, Moscou solicitou que o comando da base militar organizasse sua evacuação imediata para a Rússia na noite de domingo (8), segundo Assad. Ele e sua família receberam asilo político, segundo o Kremlin.

O ex-ditador também afirmou que a Síria “caiu nas mãos do terrorismo” e que não havia se manifestado sobre o ocorrido até agora por conta de tentativas fracassadas de publicação do pronunciamento em veículos da mídia internacional. Esse atraso e também o “sumiço” de Assad durante as últimas horas de seu governo foram atribuídos por ele a um “apagão total nas comunicações por razão de segurança”.

Queda da ditadura Assad

A queda do governo na Síria ocorreu cerca de dez dias após o início de uma ofensiva-surpresa do grupo rebelde HTS que começou em Aleppo, no norte do país, e rumou sul em direção à capital Damasco, tomando diversas cidades-chave sírias pelo caminho, como Hama e Homs.

A ofensiva rompeu uma paralisia na guerra civil na Síria, que era travada desde 2011 entre grupos rebeldes e o Exército de Assad. Nos últimos quatro anos, a guerra parecia estar adormecida.

Após um período sangrento de confrontos, que deixaram cerca de 500 mil mortos e causaram um enorme êxodo de sírios, o ditador conseguiu manter o controle sobre a maior parte do território graças ao suporte da Rússia, do Irã e da milícia libanesa Hezbollah.

Desde então, o ditador se mantinha no poder com apoio militar de aliados como a Rússia e o Irã. No entanto, agora a Rússia está em guerra com a Ucrânia, e o Irã vive um conflito com Israel. O Hezbollah, por sua vez, perdeu seus principais comandantes neste ano, mortos em ataques israelenses.

Para os analistas, essa situação faz com que nem Putin nem o regime iraniano estejam dispostos a entrar de cabeça em mais uma guerra.

Um porta-voz do governo da Ucrânia disse que a escalada do conflito na Síria mostra que a Rússia não consegue lutar em duas guerras ao mesmo tempo.

Informações publicadas no sábado indicam que o Hezbollah e o regime iraniano estão retirando tropas que mantêm na Síria.

O cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, diz que não é uma coincidência a ofensiva ter sido lançada agora.

“Aqueles que eram os três principais aliados do governo Assad, Hezbollah, Irã e Rússia, estão meio que fora desse envolvimento direto com o conflito, o que abriu uma oportunidade para que os rebeldes tentassem retomar certas posições estratégicas dentro do país. Aleppo, sendo a segunda maior cidade da Síria, é o primeiro destino que eles ocuparam.”

Segundo o professor, o acirramento do conflito pode ter consequências em todo o Oriente Médio. Para ele, a queda de Assad pode criar um vácuo de poder e escalar ainda mais as guerras que envolvem Israel, Hamas, Hezbollah e Irã.

Fonte: Redação g1 – 16/12/2024 

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