Antes de falecer, o pontífice escreveu sobre morte e velhice em prefácio que será publicado nesta quinta-feira (24)
O último texto escrito pelo Papa Francisco antes da morte dele será publicado nesta quinta-feira (24), na Itália. Trata-se de um prefácio inédito para o livro “À espera de um novo começo – Reflexões sobre a velhice”, do cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo emérito de Milão.
Aos 88 anos, o pontífice faleceu na última segunda-feira (21). No prefácio, papa Francisco deixou registrada uma mensagem que aborda temas que marcaram o pontificado dele, como a dignidade da velhice e a esperança diante da morte. O texto foi escrito em fevereiro deste ano, pouco antes da última internação dele.
No prefácio, Francisco afirma que a morte não é o encerramento da vida, mas o início de uma nova etapa. “A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já começam a experimentar na Terra, nas tarefas cotidianas da vida, é o começo de algo que nunca terminará”, escreveu.
O Papa também defende um olhar mais respeitoso sobre o envelhecer. Para ele, é necessário resgatar o valor da palavra “velho”, muitas vezes vista de forma negativa. “Dizer ‘velho’ significa, em vez disso, dizer experiência, sabedoria, conhecimento, discernimento, reflexão, escuta, lentidão. Valores dos quais tanto necessitamos!”, pontuou.
Segundo o pontífice, a forma como se vive a velhice é o que realmente importa. “Se vivermos esta fase da vida como uma graça, e não com ressentimento; se aceitarmos o tempo com um sentimento de gratidão e agradecimento, bem, então, também a velhice se torna uma idade da vida verdadeiramente fecunda e capaz de irradiar bondade”, enfatizou.
Em outra parte do prefácio, o papa também destacou a importância dos avós como referência para as novas gerações. “No frenesi das nossas sociedades, muitas vezes entregues ao efêmero e ao gosto doentio pelas aparências, a sabedoria dos avós torna-se um farol luminoso”.
No final da mensagem, o religioso revelou ainda serenidade diante da morte e reafirmou a fé dele na vida eterna. “É justamente por isso que se trata de um ‘novo’ começo, porque viveremos algo que nunca vivemos plenamente antes: a eternidade”, escreveu.
Fonte: Júlia Marques, Terra – 23/04/2025
