Peça vendida em feira de arte em SP foi inspirada em Capitu, personagem de ‘Dom Casmurro’, livro de Machado de Assis. Escritor que dá nome ao edifício onde estava exposta a obra.
Um mural do pintor Emiliano Di Cavalcanti foi vendido por cerca de R$ 8 milhões durante a SP-Arte 2025, após passar 56 anos como decoração do hall de entrada do luxuoso Edifício Machado de Assis, na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
A negociação foi feita no fim de semana passado com intermédio da galeria Galatea. O quadro, um dos maiores feitos pelo artista, foi um dos primeiros a serem vendidos na exposição. O comprador foi um colecionador de arte que não quis ter a identidade divulgada.
A inspiração da obra veio, claro, do autor que dá nome ao prédio: Machado de Assis. A tela faz referência a Capitu, emblemática personagem do clássico “Dom Casmurro”.
Produzida na maturidade de Di Cavalcanti, a pintura reúne temas que atravessaram a produção dele, como a flora da Mata Atlântica, representações da figura feminina brasileira e referências a bairros icônicos do Rio, como Lapa e Santa Teresa.
O mural é fruto de uma encomenda site-specific – para um ambiente específico – feita para a empreiteira H. C. Cordeiro Guerra para ser instalado no prédio, que fica na Avenida Atlântica, à beira do mar de Copacabana, entre as ruas Constante Ramos e Santa Clara.
Edifício Machado de Assis
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Os apartamentos são de pelo menos 570 m² e o edifício conta ainda com um jardim assinado por Burle Marx.
Desde que entrou pela portaria em 1969, antes mesmo da inauguração, em 1970, o mural nunca saiu do prédio. Mesmo assim, recebia visitas ilustres, como a do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que visitava amigos que moravam lá.
O local abrigava recepções semanais oferecidas pelos donos da Rede Manchete, Adolpho e Oscar Bloch, que foram incorporadores e moradores do edifício.
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Fonte: Thaís Espírito Santo, g1 Rio – 11/04/2025